terça-feira, 3 de novembro de 2009

Resenha do filme "Distrito 9"


Distrito 9 – Uma forma nada óbvia de analisar a sociedade

Comprei ingresso para o filme “Distrito 9” com a esperança de assistir a um bom filme sobre extraterrestres. Me enganei. “Distrito 9” é um ótimo filme sobre a humanidade.

Uma gigantesca nave espacial para sobre Joanesburgo, na África do Sul. As forças armadas resolvem invadi-la para descobrir as intenções dos aliens. Contudo, ao entrar na nave, descobrem uma população de não-humanos morrendo de uma doença desconhecida. Com a nave defeituosa e a situação de saúde precária, esses alienígenas descem a Terra se concentrando na área denominada Distrito 9.

A narrativa é construída por meio de uma mistura de gêneros: há uma aparência de documentário por meio de entrevistas a especialistas sobre o caso dos aliens. O suposto documentário se baseia em gravações da agência humanitária MNU (Multi-nacional United) durante as ações de despejo feitas no Distrito 9.

A ação de despejo ocorre porque ao longo de vinte anos aquela população cresce e se marginaliza. Por medo do convívio com uma outra raça, a área é isolada e vigiada. Os extraterrestres constroem moradias precárias, catam lixo, e passam até a cometer crimes para conseguir algum dinheiro. São chamados pelo termo preconceituoso, “Camarões”, devido a seu aspecto físico. Formam gangues e são explorados por nigerianos que vendem ração para gato – um vício adquirido pelos alienígenas – a preços exorbitantes.

A população de Joanesburgo passa a se sentir ameaçada e exige a remoção dos moradores do distrito. Assim, Wikus van der Merwe, denominado chefe da missão, vai ao distrito levar as ordens de despejo.

Uma das casas invadidas é a do extraterrestre Christopher Johnson. Nessa casa, Wikus entra em contato com um fluido alienígena e começa a sofrer mutações. A partir daí é Wikus quem passa a ser perseguido pela MNU e precisa da ajuda de Christopher e seu filho (um alienzinho muito fofo e esperto!) para não ser capturado.

Chamam atenção, é claro, os efeitos visuais, principalmente a enorme nave “estacionada” no céu de Joanesburgo. “Distrito 9” nada deixa a desejar em termos de ficção científica, porém, o filme de Neill Blomkamp nos mostra o cruel processo de marginalização de um povo. Faz com que estabeleçamos paralelos com a nossa realidade. Além isso, a chegada da nave à África do Sul – e não o em Nova Iorque ou Chicago – é uma escolha coerente com a ideia da invisibilidade de diversos grupos sociais.

Não é sempre que o cinema de ficção científica nos traz surpresas como essa. Vale a pena assistir!


(O texto foi publicado no blog nossocp2.blogspot.com)

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